terça-feira, setembro 20, 2005

Ordinarices

"Então não me cumprimenta? Extraordinário! Que grande ordinário!"
Carmona Rodrigues, após o debate com Manuel Maria Carrilho
SIC Notícias, 15-09-05
 
Numa altura em que os agentes políticos estão mergulhados no descrédito generalizado, debates como aquele que ocorreu na Sic Notícias entre os candidatos à Câmara de Lisboa, não contribuindo para melhorar o estado das coisas, confirmam o sentimento.
Carmona e Carilho levaram para a televisão um triste espectáculo finalizado com aquela lamentável cena do não aperto de mão por parte de Carilho, retribuida com o "ordinário" de Carmona.
Já se sabe que é uma prova de fogo para os dois candidatos. A Câmara de Lisboa é um trampolim decisivo para qualquer político. Veja se o caso de Sampaio. Veja se o caso de João Soares que com a sua derrota há quatro anos, procura nova oportunidade, tentando agora regressar à ribalta com a sua candidatura à Câmara de Sintra, isto após a sua derrota nas primárias socialistas para a eleição do secretário geral.
O percurso dos candidatos a Lisboa tem um ponto comum: nenhum deles foi alguma vez sujeito ao voto popular.
Carilho foi ministro da Cultura nos tempos da governação de Guterres.
A partir do momento que pressentiu o fim da era Socialista, definiu o seu próprio rumo.
Começou com críticas ao caminho seguido pelos socialistas;saíu com fortes divergências políticas à então governação socialista e ao então Primeiro Ministro.
Culminou a sua saída com ataques pessoais ao caracter do seu ex chefe, António Guterres, numa entrevista a um jornal diário.
Depois, foi esperar. Assistiu à queda de Guterres. A súbida de Barroso para primeiro ministro.
Colocou na agenda política as eleições autarquicas muito antes de tempo com a sua disponibilidade a candidato. Essa candidatura dividiu o PS, o que afastou em definitivo uma candidatura de Ferro Rodrigues. E ei-lo. Em Abril deste ano marcou presença no tradicional desfile do 25.04 na Avenida da Liberdade, num claro piscar de olho às várias esquerdas. Divergências várias, invibializaram num coligação alargada à esquerda. 
 
Carmona que já tivera funções na CML, foi nomeado para a pasta das obras públicas no tempo do governo PSD/PP; a ida de Durão Barroso para Bruxelas e consequente tomada de posse por parte de Santana Lopes, abriram caminho a Carmona Rodrigues para assumir o papel de nº 1 à frente da câmara.
O regresso de Santana à Câmara não terá sido pacífico; mas a desastrada governação de Santana,  uma entrevista ao DN na qual Carmona deixa claro que não pretende ser número dois, seguida da legitimação da sua candidatura por parte de Marques Mendes, e ei-lo candidato. 
 
Fica a sensação após ver e ouvir as cenas quentes do debate, que os candidatos se esqueceram do principal; da verdadeira razão pela qual estavam ali.  
É pena. Espero que em futuros debates, caso os haja, possamos perceber quais são as linhas de fundo de cada candidatura. Até lá, agradecemos que Carmona e Carilho limitem os constantes "piropos" que têm vindo a trocar após o debate. É que não há pachorra.

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