segunda-feira, outubro 02, 2006

O novo registo de Caetano, Cê, é a companhia musical desta semana. A próposito do mesmo, reproduzo as palavras de Jacinto Lucas Pires na sua crónica semanal no DN:
De Caetano Veloso espera-se sempre um outro, novo inesperado. Ele é o tipo de artista atento e mutante, em cima do tempo, sempre lançado no futuro. Mas a verdade é que, desta vez, Caetano conseguiu inesperar-nos mesmo para lá disso. Não existe a palavra? Existe agora, que é ela a melhor para dizer do nosso susto, tão grande espanto. Inespera-nos, pois, inesperar-nos-á. Porque o mais incrível é que o disco continua assim - todo estranheza e novidade, coisa que pergunta que pergunta - ainda depois de o ouvirmos uma e outra e outra vez.Em Cê, o novo cd de originais de Caetano Veloso, o assunto é sexo. Atravessado por quase tudo, ciúme, dor, humor, viagem, memória, cidades, poesia, alegria, guitarras eléctricas - sexo. E, para falar de assunto tão difícil - o que há de mais privado e sem conversa, por um lado, e, por outro, mais complexo e revelador do que somos e queremos ser? -, o mestre baiano escolheu fazer-se acompanhar de uma formação rock, com bateria, guitarra e baixo, e entregar a direcção musical a Pedro Sá e Moreno Veloso, dois músicos da geração dos novos. O resultado é mais do que espantoso, senhoras e senhores: um som Caetano para o século XXI.

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