domingo, março 07, 2010

Viver habitualmente

Há momentos na história dos povos em que as pessoas não querem saber. O que deseja o médio cidadão comum da pátria? Aquilo que Salazar definiu numa expressão inesquecível: viver habitualmente. E é essa coisa, essa curiosíssima pulsão de sobrevivência, que comanda a nação e que de quatro em quatro anos vai a votos.
Viver habitualmente significa saúde e tranquilidade para si e para os seus, dinheiro em proporção razoável e, caso não seja pedir muito, algum amor.
Com a devida excepção, de um núcleo restrito politicamente empenhado, ninguém deseja mais nada do que viver habitualmente, embirrando aqui e ali, à vez, com o cromo instalado em São Bento.
Talvez isto explique a falta de comoção nacional com o caso das escutas.

Grande crónica de Ana Sá Lopes, jornal i,6mar10

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